O Senhor é um Deus que transforma homens mercenários em soldados valentes, os amargurados de espírito, em homens com coração honrado. Davi foi um homem segundo o coração de Deus, foi um homem chamado pelo próprio Senhor; apesar de Davi ser esquecido pelo seu pai, foi lembrado por Deus. Quando jovem, Davi teve um ofício aparentemente não muito atrativo: levar as ovelhas aos pastos verdejantes. Era um ofício solitário, não recebia aplausos dos homens nem reconhecimento público. Davi estava sendo treinado a não receber aplausos dos homens, mas a ser fiel e responsável no seu labor, a despeito das pessoas não estarem enxergando. Um momento emblemático e extraordinário foi quando Samuel derramou o óleo sobre a cabeça daquele jovem e disse: “Deus te fará rei sobre a nação de Israel”. Quem poderia imaginar que um menino que estava no desconhecido, lá nas chácaras do Tororó da época, seria chamado pelo próprio Deus para ser rei de uma nação poderosa. Na primeira e grande aparição de Davi, havia um gigante que desafiava e estava prestes a colocar Israel em vergonha, pois durante 40 dias ninguém do exército de Israel havia se levantado para enfrentar o gigante. Aquele menino, então, vai até o rei Saul, um homem forte, belo, formoso aos olhos dos homens e diz que enfrentaria o gigante. Indagado pelo rei Saul sobre suas credenciais para tanto, Davi conta que como pastor de ovelhas, em certa ocasião, havia destruído um urso e um leão com a força de suas mãos. O rei Saul lhe empresta sua armadura, mas Davi a dispensa por ser muito pesada. É como se Davi estivesse dizendo: “Não é dessa forma que eu vou lutar. Vou lutar com as armas que Deus me deu e com as quais tenho aprendido no meu dia-a-dia para lutar com o gigante”. Sabemos da história: Davi vence com uma pedra, mata Golias e com a espada do próprio gigante corta sua cabeça. Como prêmio, Davi se torna um homem afamado, se torna o comandante de mil homens e tem a filha do rei para casar. A partir desse momento, tudo que Davi toca, prospera, tudo que Davi faz, Deus dá bom êxito. Aonde Davi ia, o Senhor lhe dava vitória, porque a unção nos capacita para fazer aquilo que Deus nos ungiu. É importante entender isto: cada unção que Deus nos dá tem uma missão e um propósito e quando Deus dá uma missão a uma pessoa, nada e ninguém pode impedir. Deus tinha dado a missão de um jovem ser rei e isso encantou tanto as pessoas que a admiração que tinham por Davi gerou ciúmes no coração de Saul, a ponto do rei perseguir Davi na tentativa de matá-lo. Durante sua fuga, que durou aproximadamente 10 anos, enquanto estava escondido em uma caverna, 400 homens, entre endividados e amargurados de espírito, a própria escória da sociedade da época resolve se juntar a Davi. Deus começa, então, a transformar mercenários em homens honrados através da liderança de um homem segundo o coração de Deus. Nada, depois de Jesus, pode transformar mais alguém do que pessoas e palavras. As pessoas precisam de referências humanas. O apóstolo Paulo já dizia: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (I Cor. 11:1) e “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras” (Ti 2:8a). Quando o apóstolo Paulo declara isso, ele não está dizendo que é perfeito, mas ele está dizendo, naquilo que eu faço conforme as Escrituras, me sigam. Então, a relação de dizer “não olhe para o homem, olhe para Deus” é uma relação equivocada, porque precisamos aprender a separar entre o erro da pessoa, fruto da carne, e aquilo que Deus tem usado. A primeira postura emblemática deste homem segundo o coração de Deus está nos versos 1 a 3 do capítulo 23 de I Samuel, quando Davi ensina àqueles homens a não ouvirem seus medos e opiniões, mas a buscar em primeiro lugar a voz de Deus, que é a primeira engrenagem importante para se tornar uma inspiração às outras. A segunda engrenagem que Davi utiliza para ser inspiração aos homens é demonstrar que o perdão é a arma mais letal contra o ressentimento. Saul enviou 3 mil dos melhores soldados de Israel para perseguirem Davi e matou 85 sacerdotes por terem recebido Davi. Quando Davi poupa a vida de Saul dentro da caverna (I Sm 24. 8-21) ele nos ensina duas coisas: i) a demonstração de perdão quebra todo ressentimento e, ii) devemos vencer o mal com o bem, pois nossas armas não são carnais, mas poderosas em Deus para destruir todos os sofismas das trevas. Para isso, não devemos retribuir o mal com o mal, mas o mal com o bem e se tivermos oportunidade de fazer o bem a nosso inimigo, devemos fazê-lo. Em outra ocasião, quando Davi e seus 600 seguidores estão em busca dos amalequitas, que tinham destruído sua cidade e levado seus bens, mulheres e crianças, eles avistam um egípcio moribundo no caminho e Davi decide parar para ajudá-lo. Providência de Deus, este egípcio era escravo de um amalequita e fora deixado no caminho para morrer, pois estava enfermo. O egípcio leva Davi e 400 dos 600 homens até o acampamento amalequita, pois 200 homens estavam cansados da última batalha. A Bíblia relata que eles recuperaram absolutamente tudo que tinha sido roubado e ainda os despojos do seu inimigo, e as mulheres e crianças não tinham sido tocadas. Ao voltarem, “os elementos maus e vadios” que tinham ido com Davi não queriam repartir os bens com os 200 que ficaram e Davi se contrapõe, dizendo que tudo fora dado pelo Senhor, não pela força ou capacidade deles e distribui igualmente os despojos. Davi ensina que compartilhar uma vitória gera unidade, que compartilhar uma vitória aflora a humildade e que compartilhar uma vitória produz paz. Este líder ensina que A vitória vem de Deus. Após esses e outros exemplos de Davi, os seus seguidores são transformados, como se percebe pela forma como são apresentados em II Samuel 23:8, como “principais guerreiros de Davi”. Quando 3 soldados arriscam suas vidas para pegar água numa fonte do inimigo por ouvirem Davi expressando essa vontade, fica claro que de mercenários, que só buscam seus próprios interesses, esses homens haviam passado a soldados e homens honrados, que têm na causa, na pátria, na nação o seu propósito de vida. Davi não aceita a água, mas a derrama como oferta ao Senhor, dizendo: “O Senhor me livre de beber desta água! Seria como beber o sangue dos que arriscaram a vida para trazê-la!”. (II Sm 23:17a). O desejo dele não valia mais do que o risco dos seus soldados. O Senhor nos chama de soldados de Cristo. O apóstolo Paulo diz que todo soldado não se envolve com os negócios desta vida, porque a sua vontade é satisfazer a vontade daquele que o arregimentou. Todo soldado honrado é um homem que pensa, por excelência, numa causa maior. Nada transforma mais o ser humano, depois de Jesus Cristo, do que pessoas e palavras. A Bíblia diz que “a vida e a morte estão no poder da palavra, quem bem as utiliza, comerá dos seus frutos” (Pv. 18:21). O ser humano necessita de referenciais e nossa primeira grande missão começa dentro de casa, com marido, esposa e filhos.
Transformando homens mercenários em honrados
Publicado em 14:37
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